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ESTUDOS E AVALIAÇÃO QUALITATIVA DE HIPERTENSÃO NA TERCEIRA IDADE

Pernanbuco, 08 de Junho de 2016.

Luciene Carneiro Ramalho- Bacharel em Enfermagem

RESUMO

Este artigo compara dois perfis de idosos: os que mantêm hábitos saudáveis — alimentação equilibrada, prática regular de exercício e estilo de vida ativo — e os que apresentam comportamento sedentário e má alimentação. Discorre sobre os impactos dessas práticas na saúde física, mental, autonomia funcional e longevidade, apoiado por evidências científicas com publicações até 2016

Palavras-chave: Hipertensão; Diabetes; Envelhecimento; Qualidade de vida; Idosos.

1. INTRODUÇÃO

Contextualiza o envelhecimento populacional e a crescente importância de estilos de vida saudáveis na terceira idade. Apresenta o objetivo de comparar os impactos no envelhecimento ativo versus sedentarismo.
O envelhecimento populacional configura-se como um dos maiores desafios da saúde pública na atualidade. De acordo com Veras (2008), esse fenômeno decorre da combinação entre o aumento da expectativa de vida e a redução das taxas de natalidade, resultando em um crescimento expressivo da população idosa. Esse novo cenário impõe exigências aos sistemas de saúde, que precisam se adequar às necessidades específicas dessa faixa etária. Entre as doenças crônicas mais incidentes nesse grupo estão a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e o diabetes mellitus (DM), que comprometem significativamente a qualidade de vida. As alterações fisiológicas do envelhecimento contribuem para o surgimento e agravamento dessas doenças, exigindo cuidados contínuos e individualizados (MAIA, 2024). A hipertensão, frequentemente silenciosa, pode desencadear graves complicações cardiovasculares, enquanto o diabetes tipo 2, comum entre idosos, relaciona-se com o sedentarismo, alimentação inadequada e obesidade (CASTRO et al., 2021). A Atenção Primária à Saúde (APS) constitui a principal via de controle e monitoramento dessas condições, por meio de acompanhamento clínico, educação em saúde e intervenções multiprofissionais. Contudo, o sucesso terapêutico depende não apenas da oferta de serviços, mas também do engajamento dos pacientes e do suporte familiar e social.

Diante disso, o presente artigo busca analisar os principais desafios vivenciados por idosos acometidos por hipertensão e diabetes, considerando seus impactos físicos, emocionais e sociais, além de identificar estratégias que favoreçam a promoção da qualidade de vida e o envelhecimento saudável.

2. DESAFIOS VIVENCIADOS POR IDOSOS COM HIPERTENSÃO E DIABETES

A ausência de conhecimento em saúde e a falta de práticas preventivas são fatores que agravam doenças crônicas como a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e o diabetes mellitus (DM). Essas enfermidades estão fortemente associadas a hábitos de vida inadequados, como sedentarismo, dieta desequilibrada e ausência de acompanhamento médico regular. Segundo Maia (2024), HAS e DM estão entre as doenças crônicas mais comuns na população idosa e diabetes, exigindo monitoramento contínuo e alterações significativas no estilo de vida.
Efeitos de um estilo de vida ativo

2.1 Atividade física e envelhecimento saudável

            •          Participar de qualquer nível de atividade física reduz significativamente a chance de trajetórias negativas de envelhecimento (como declínio acelerado ou baixa funcionalidade), enquanto promove estabilidade ou melhoras na saúde  .

            •          Em uma coorte de mais de 130 mil idosos acompanhados por até 10 anos, idosos ativos tiveram quase 40% mais probabilidade de envelhecer de forma saudável  .

2.2 Qualidade de vida e bem-estar

            •          Em estudo da Universidade de Cambridge, idosos mais ativos e com menos comportamentos sedentários apresentaram melhor qualidade de vida, física e mentalmente — cada hora extra de atividade aumentava a pontuação de qualidade de vida, enquanto mais tempo sentado associava-se à queda nessa métrica  .

2.3 Proteção contra doenças crônicas

            •          O Caerphilly Heart Disease Study mostrou que adesão consistente a hábitos saudáveis (não fumar, peso adequado, exercício, dieta rica em frutas/vegetais e consumo moderado de álcool) reduziu em até 73% o risco de diabetes, 67% de doenças vasculares, 64% de demência e 35% de câncer ao longo de 30 anos  .

2.4 Longevidade e envelhecimento saudável

            •          Estudo com >45 000 mulheres em JAMA Network Open constatou que substituir apenas 1 hora de TV sedentária por atividade moderada ou vigorosa aumenta em 28% a chance de envelhecimento saudável, definido como passar dos 70 anos sem doenças crônicas e com boa função física e mental  .

            •          Outro estudo relacionou mais movimento diário (acima de 160 minutos) com redução de até 73% no risco de morte prematura comparado aos menos ativos  .

2.5 Saúde cerebral e prevenção do declínio cognitivo

            •          Um recente ensaio clínico com mais de 2 100 idosos em torno dos 60–79 anos demonstrou que mesmo mudanças modestas — dieta no estilo Mediterrâneo‑DASH, exercícios aeróbicos e de resistência, treino cognitivo e envolvimento social — resultaram em melhora na função executiva e na velocidade de processamento cerebral após dois anos  .
Gráfico Comparativo

A tabela e o gráfico ilustrando o desempenho relativo em indicadores como risco de doenças, qualidade de vida, saúde mental e expectativa de vida saudável já foram inseridos anteriormente.
Outro fator de comorbidade é diabetes mellitus que é uma doença metabólica caracterizada por níveis elevados de glicose no sangue. Enquanto o tipo 1 decorre da deficiência na produção de insulina, o tipo 2 – mais prevalente entre idosos – está relacionado à resistência insulínica, ao excesso de peso e ao sedentarismo (CASTRO et al., 2021). Quando mal controlado, o diabetes pode gerar complicações severas, como retinopatia, nefropatia e neuropatia.

Já a hipertensão arterial é uma condição crônica definida pela elevação persistente da pressão arterial. Apesar de muitas vezes assintomática, pode comprometer seriamente o funcionamento dos sistemas cardiovascular, cerebral e renal. Entre seus sintomas estão fadiga, cefaleia, tontura e, em estágios avançados, perda da funcionalidade.

As consequências dessas doenças transcendem o aspecto físico, afetando também o bem-estar emocional e a integração social dos idosos. Sintomas como cansaço crônico, dor, alterações de humor e limitação nas atividades diárias comprometem sua autonomia (MAIA, 2024). A não adesão às orientações médicas – como uso correto de medicamentos, reeducação alimentar e prática de atividades físicas – contribui para a piora dos quadros clínicos.

Segundo Miranzi et al. (2008), o tratamento eficaz dessas doenças exige mudanças comportamentais, que muitas vezes são dificultadas por fatores como baixa escolaridade, dificuldades financeiras, limitações cognitivas e ausência de apoio familiar.

A obesidade também se destaca como importante fator de risco para o desenvolvimento de HAS e DM, além de estar associada a diversas comorbidades, distúrbios psicológicos e isolamento social (GOUVEIA, 2012).

A qualidade de vida, por sua vez, é um conceito complexo e multifatorial. Para idosos com doenças crônicas, envolve a preservação da funcionalidade, da autonomia e do bem-estar físico, mental e social (MIRANZI et al., 2008). Compreender os desafios dessa população é fundamental para implementar estratégias de cuidado mais eficazes e centradas no paciente.

3. PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA

A qualidade de vida na velhice está diretamente relacionada a fatores como herança genética, condições socioeconômicas, hábitos alimentares e nível de atividade física. Hipertensão e diabetes afetam significativamente a capacidade funcional e a independência dos idosos, tornando imprescindível a implementação de medidas preventivas e terapêuticas contínuas.

O controle da hipertensão arterial, altamente prevalente entre idosos no Brasil, depende do diagnóstico precoce e do acompanhamento regular (MAIA, 2024). A perda da elasticidade vascular, comum nessa fase da vida, agrava o quadro, que pode ser potencializado por inatividade física e alimentação inadequada.

A identificação precoce dessas doenças é essencial para minimizar complicações futuras. Ações como monitoramento da pressão arterial e da glicemia, orientação nutricional, prática regular de exercícios e atendimento multiprofissional são medidas fundamentais.

O Programa Hiperdia, do Ministério da Saúde, é um exemplo de política pública voltada para o controle da hipertensão e do diabetes na APS. O programa oferece acompanhamento sistemático, fornecimento de medicamentos e educação em saúde, promovendo a prevenção de complicações e contribuindo para a qualidade de vida (MAIA, 2024).

Veras (2008) reforça que o envelhecimento está fortemente relacionado ao aumento das doenças crônicas, o que demanda políticas públicas estruturadas e equipes capacitadas para atender às necessidades específicas dessa população.

A prevenção deve começar precocemente, ainda na juventude, com hábitos saudáveis como alimentação balanceada, atividade física, controle do estresse, abstinência do tabaco e consumo moderado de álcool. A negligência desses cuidados ao longo da vida reflete negativamente na saúde na velhice.

A atuação de equipes multiprofissionais é imprescindível para um atendimento integral. Médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas e assistentes sociais devem trabalhar de forma integrada, promovendo o cuidado centrado no paciente (OLIVEIRA et al., 2021). Essa abordagem favorece a adesão ao tratamento e fortalece a autonomia, autoestima e funcionalidade do idoso.

A educação em saúde é outro pilar fundamental, pois capacita o idoso para o autocuidado e contribui para a redução de internações e maior longevidade com qualidade (MAIA, 2024).

Além do cuidado clínico, o apoio emocional e social é essencial. A presença e o envolvimento da família e dos cuidadores fortalecem o processo terapêutico e contribuem para a resiliência diante das dificuldades impostas pelas doenças.

Contudo, ainda existem desafios importantes a serem enfrentados, como as desigualdades no acesso à saúde, alimentação e informações de qualidade. A construção de políticas públicas inclusivas e efetivas é indispensável para garantir o direito a um envelhecimento saudável e digno (GOUVEIA, 2012).

4. CONCLUSÃO



O estilo de vida ativo e saudável promove um envelhecimento com maior funcionalidade, menos doenças
crônicas e melhor qualidade de vida. O sedentarismo e a má alimentação elevam
os riscos à saúde e comprometem a longevidade com autonomia. Pequenas mudanças
— como caminhar, melhorar a alimentação e evitar longos períodos sentado —
podem produzir grandes benefícios , do outro lado as doenças crônicas como hipertensão e diabetes representam sérios desafios à qualidade de vida dos idosos, comprometendo aspectos físicos, emocionais e sociais. O controle dessas condições demanda cuidados contínuos, mudanças no estilo de vida e acesso a serviços de saúde adequados, o que nem sempre é realidade para grande parte da população idosa.

A prevenção é reconhecida como o caminho mais eficiente para evitar a progressão dessas enfermidades. No entanto, a falta de hábitos saudáveis desde a juventude, aliada a fatores como baixa escolaridade, desigualdades sociais e barreiras no acesso à saúde, contribui para a vulnerabilidade dos idosos.

Nesse contexto, torna-se imprescindível o fortalecimento das políticas públicas de saúde, com foco na prevenção, promoção da autonomia e cuidado integral. A atuação de equipes multiprofissionais, associada ao apoio familiar e social, é fundamental para garantir um envelhecimento com dignidade e qualidade.

Além disso, a educação em saúde deve ser valorizada como estratégia central na promoção do autocuidado, incentivando a adesão ao tratamento e contribuindo para uma vida mais saudável e ativa na terceira idade.

Conclui-se que, embora existam limitações irreversíveis, o diagnóstico precoce, o acompanhamento contínuo e o suporte adequado podem atenuar os impactos das doenças crônicas, preservando a funcionalidade, a autonomia e a dignidade da pessoa idosa. Envelhecer com saúde deve ser compreendido como um direito fundamental – e não como um privilégio.




Pernanbuco, 08 de Junho de 2016.

  ELWOOD, P.; GALANTE, J.; PICKERING, J.; PALMER, S.; BAYER, A.; et al. Healthy Lifestyles Reduce the Incidence of Chronic Diseases and Dementia: Evidence from the Caerphilly Cohort Study. PLoS ONE, v. 8, n. 12, e81877, 2013.  ELWOOD, P. et al. Healthy‐behaviours and a reduced risk of metabolic and vascular disease: 30 years follow‑up in the Caerphilly Prospective Cohort Study. J Epidemiol Community Health, setembro 2010. (como relatório institucional; citado em gov.wales, 2014) CAERPHILLY and SPEEDWELL COLLABORATIVE HEART DISEASE STUDIES. Caerphilly Heart Disease Study: estudo prospectivo epidemiológico com foco em fatores de estilo de vida e doença vascular. Journal of Epidemiology and Community Health, set. 1984. (relatório original do estudo), MAJOR, estudo sistemático sobre comportamento sedentário e desfechos em idosos, mostrando associação com maior mortalidade e problemas metabólicos: BMC Public Health, 2014.               LIDDELL, C. et al. Physical activity in older age: perspectives for healthy ageing and frailty prevention. European Review of Aging and Physical Activity,  atividade física regular é segura e reduz risco cardiovascular/metabólico em idosos, inclusive frágeis. LEITE, M. F.; LUCENA, L. B. S; FONSECA, R. C. Importância da atenção e promoção à saúde frente ao processo de cuidado da pessoa idosa. Revista Brasileira de Revisão de Saúde, [S. l.], v. 1, pág. 1151–1163, 2021. DOI: 10.34119/bjhrv4n1-102.VERAS, R. Envelhecimento Populacional: Desafios e Inovações Necessárias para o Setor Saúde. Ano 7, Janeiro / Junho de 2008
Desafios na efetivação do tratamento de idosos portadores de hipertensão e diabetes: uma análise sobre as limitações do programa hiperdia no contexto da atenção básica. (2024). RECIMA21 – Revista Científica Multidisciplinar2021.GOUVEIA, L. A. G. Qualidade de vida de indivíduos com diabetes mellitus e hipertensão acompanhados por uma equipe de saúde da família. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2008 Out-Dez; 17(4): 672-9.OLIVEIRA, M. C. C; PEREIRA, K. D; OLIVEIRA, M. A. C; PINTO, M. A. T. C; LUCENA, J. M. C.; .CASTRO, R. M. F. et al. Diabetes mellitus e suas complicações – uma revisão sistemática e informativa. Brazilian Journal of Health Review, v. 4, n. 1, p. 3349-3391,




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