Dr. Edgar Alberto Lopez Campos
Cirurgião Plástico
CRM: 124090 – RQE: 45068
São Paulo, 20 de Janeiro de 2025

RESUMO- O artigo apresenta um procedimento promissor que combina a extração do tecido adiposo com a reutilização da gordura para a modelagem corporal, visando a obtenção de um corpo mais atlético. A técnica UGraft representa uma evolução da lipoescultura ao utilizar ultrassonografia para guiar o enxerto de gordura no músculo reto abdominal, proporcionando maior definição com resultados naturais. A pesquisa discute algumas limitações associadas a essa técnica, ressaltando seu potencial para entregar resultados satisfatórios ao ser considerada um processo completo, em comparação à lipoaspiração convencional.
PALAVRAS-CHAVE: Lipoecultura. UGfrat. Enxerto.
ABSTRACT- The article presents a promising procedure that combines adipose tissue extraction with fat reuse for body shaping, aiming to achieve a more athletic physique. The UGraft technique represents an evolution of liposculpture by using ultrasound to guide fat grafting into the rectus abdominis muscle, providing greater definition with natural-looking results. The research discusses some limitations associated with this technique, highlighting its potential to deliver satisfactory results as a complete procedure, compared to conventional liposuction.
KEYWORDS: Lipoculture. UGfrat. Graft.
1 INTRODUÇÃO
A busca por um contorno corporal mais definido tem se intensificado significativamente nos últimos anos, mesmo entre indivíduos que seguem rigorosamente protocolos dietéticos, além de exercícios físicos. Silva e Costa (2023, p. 2) destacam que “desde a antiguidade, a estética demonstra ter um papel significativo perante a sociedade, papel este, que envolve tanto a autoestima quanto o bem-estar do indivíduo”.
Em muitos casos, o corpo idealizado permanece inatingível apenas com intervenções conservadoras. Tal realidade tem impulsionado a procura por procedimentos estéticos avançados que visam entregar resultados satisfatórios. De acordo com Motta (2018, p. 49), “atletas constantemente queixam-se que por mais que pratiquem atividade física não conseguem atingir a definição da musculatura abdominal, os desejados ‘gominhos’”.
Nesse contexto, as técnicas de lipoaspiração têm passado por constante evolução. “As técnicas de lipoaspiração, tecnologias, publicações e eventos científicos continuam a evoluir continuamente, buscando cada vez mais resultados melhores e mais previsíveis com o máximo de segurança possível” (GOMES, 2024, p. 2). A incorporação de novas tecnologias têm potencializado os resultados, possibilitando maior precisão na abordagem de áreas específicas do corpo, reduzindo os riscos inerentes aos procedimentos cirúrgicos. Dentre as técnicas mais promissoras, destaca-se a lipoescultura, um procedimento estético que trata-se de um processo completo, na qual a gordura retirada para redução de volume é utilizada para modelar o corpo, proporcionando uma redefinição harmônica das proporções do paciente.
Dada a sofisticação crescente desses procedimentos, torna-se imprescindível o aprofundamento técnico e científico nas diferentes metodologias disponíveis, com o objetivo de otimizar os resultados e garantir maior segurança ao paciente. Esta pesquisa tem a finalidade de apresentar os resultados proporcionados pela lipoescultura por meio da técnica UGraft, analisando sua eficácia e aplicabilidade clínica.
2 APLICAÇÃO DA TÉCNICA UGFRAT NA LIPOESCULTURA
A lipoaspiração consiste em apenas extrair cuidadosamente o adiposo, reduzindo o volume do local desejado pelo paciente. Desse modo, de acordo com Motta (2018, p. 49), “o tratamento apenas desta camada falha em alcançar o objetivo da “barriga tanquinho”, porque a gordura subdérmica atrapalha a visibilidade dos detalhes da musculatura”.
Com o advento da lipoaspiração superficial, realizada no plano subdérmico, descrita no final da década de 80 e início dos anos 90, surgiram outras possibilidades e indicações que a lipoaspiração tradicional, profunda ou subfascial, não permitia, como a retirada de gordura de áreas mais superficiais objetivando a promoção da retração da pele, de maneira a reduzir drasticamente as indicações de abdominoplastias. (GOMES e NICOLAU, 2021, p. 135).
“Novas técnicas, tecnologias e publicações científicas sobre lipoaspiração continuam a evoluir muito, buscando cada vez mais resultados melhores e mais previsíveis com a máxima segurança possível” (GOMES, 2024, p. 9). A lipoescultura é uma evolução da lipoaspiração, que promove resultados mais satisfatórios por aproveitar a gordura retirada do local para modelar o corpo do paciente.
A técnica UGraft trata-se de uma evolução da técnica lipo HD. UGraft é a sigla em inglês para “Ultrasound-Guided Rectus Abdominis Fat Transfer”, que em português significa “Enxerto de Gordura no Músculo Reto Abdominal Guiado por Ultrassom”. Por mais que não seja muito utilizado pelos profissionais, este procedimento é mais seguro e garante uma definição maior sem perder a naturalidade. Segundo Viaro et al. (2019), “a técnica UGraft amplia a indicação de pacientes que podem ser beneficiados com a lipoenxertia do músculo reto abdominal, incluindo aqueles sem flacidez cutânea”.
Abu-Ghname et al. (2019, p. 147) destaca que “por muitas décadas, a gordura foi considerada uma fonte inerte de energia. No entanto, estudos demonstraram que o tecido adiposo tem potencial para proliferação e regeneração”. Dessa forma, o tecido adiposo é metabolicamente ativo, dotado de funções complexas, obtendo um grande potencial nas aplicações em medicina regenerativa e cirurgia reparadora.
Para calcular o volume de gordura a ser lipoaspirado, utiliza-se o ultrassom, com a finalidade de proporcionar um realce maior. “A cânula é introduzida por uma incisão na região umbilical e cuidadosamente guiada por imagem do ultrassom até a penetração no músculo reto do abdômen” (VIARO et al., 2019). A gordura retirada é introduzida a um procedimento de limpeza para ser utilizada posteriormente na modelagem do corpo.
Viaro et al. (2019) destaca que “uma injeção intramuscular em bolus é realizada próximo a bainha anterior do músculo nos ¨packs¨ inferiores e intermédios”, isso favorece a absorção e minimiza os riscos de lesão. A Lipo UGraft alcança os resultados desejados, garantindo uma definição natural, mesmo que o biotipo do paciente não seja adequado.
“Sua vantagem sobre a lipoaspiração em alta definição tradicional é um resultado mais natural, devido a amplificação muscular, demonstrada mesmo durante a movimentação do paciente” (VIARO et al., 2019). Dessa forma, a distribuição da substância no tecido muscular ocorre de maneira mais eficaz.
Quando transferido como um enxerto avascular, três zonas celulares são formadas. A zona mais periférica, contendo adipócitos que sobrevivem à hipóxia resultante; uma zona regenerativa, diretamente abaixo, contendo ADSCs que se revascularizam e regeneram em novos adipócitos; e uma zona necrótica central onde nenhuma célula sobrevive. (ABU-GHNAME et al., 2019, p. 147).
“O processo de enxerto de gordura pode ser arbitrariamente dividido em cinco componentes principais: (1) seleção do local doador, (2) coleta do enxerto, (3) processamento do enxerto, (4) preparação do local receptor e (5) aplicação do enxerto” (ABU-GHNAME et al., 2019, p. 148). Essa técnica promove um resultado natural no corpo do paciente. De acordo com Viaro et al. (2019), “ela é uma ferramenta importante para se atingir um maior grau de definição abdominal em pacientes selecionados, evitando assim a aparência artificial que a lipoaspiração em alta definição pode promover em pacientes que ganham peso ou têm flacidez de pele”.
3 CUIDADOS NO PROCEDIMENTO DE LIPOESCULTURA
Segundo Alzate (2018), “o cirurgião deve ter certeza de conhecer todos os detalhes da técnica operatória antes de iniciar seu primeiro caso”. É importante que o profissional detenha domínio de todos os aspectos da técnica operatória, obtendo compreensão profunda da anatomia regional. A avaliação pré-procedimento é imprescindível para investigar histórico de docientes, alergias, além de analisar a distribuição de gordura corporal.
“Uma distribuição uniforme do enxerto de gordura no local receptor é fundamental para o sucesso da injeção. Uma cânula de menor calibre e ponta romba é geralmente utilizada para a reinjeção do enxerto” (ABU-GHNAME et al., 2019, p. 150). Quando a gordura é depositada de maneira incorreta, há maior risco de necrose central do tecido enxertado e formação de cistos oleosos.
O diâmetro reduzido permite maior precisão no controle do volume depositado, facilitando a técnica de injeção, minimizando o risco de lesões vasculares e nervosas. De acordo com Abu-Ghname et al. (2019, p. 150), “o cirurgião deve injetar a gordura de forma suave e lenta para evitar lesões nas estruturas subjacentes, reduzir o estresse de cisalhamento e aumentar a viabilidade do enxerto”.
“As desvantagens da técnica UGRAFT incluem a necessidade de um dispositivo de ultrassom na sala de cirurgia, assim como uma curva de aprendizagem do cirurgião, que deve estar familiarizado com procedimentos assistidos por ultrassom” (VIARO et al., 2019). A presença desse dispositivo representa um fator limitante, devido a ambientes com infraestrutura restrita e ao custo. É imprescindível que o cirurgião possua treinamento adequado para atuar de forma correta, atendendo às exigências necessárias.
Abu-Ghname et al. (2019, p.152) destaca que “as complicações na área doadora são geralmente mínimas e estão relacionadas à técnica de lipoaspiração. Possíveis complicações incluem hematomas, parestesia e danos às estruturas subjacentes”. O paciente deve evitar esforços físicos nas primeiras semanas, além de manter a higiene adequada para obter a cicatrização adequada. Nos primeiros dias é comum apresentar
inchaços e hematomas, sendo crucial seguir todos os procedimentos pós-operatórios. A recuperação pode levar meses, diferindo entre indivíduos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora a técnica UGraft apresente resultados eficazes, ela possui limitações relacionadas a alguns aspectos do procedimento. Uma delas é a quantidade de gordura disponível para enxertia, que pode ser insuficiente para promover a modelagem corporal desejada, estando condicionada à reserva adiposa individual do paciente.
Em resumo, a lipoescultura configura-se como um procedimento promissor, capaz de potencializar resultados estéticos com maior segurança, garantindo contornos corporais naturais e harmônicos. Portanto, é fundamental que o profissional realize uma avaliação criteriosa e individualizada do paciente, assegurando que a intervenção contribua para a harmonia corporal desejada.
REFERÊNCIAS
ABU-GHNAME, A. et al. “Principles and Applications of Fat Grafting in Plastic Surgery.” Seminars in plastic surgery vol. 33,3 (2019): 147-154. doi:10.1055/s-0039-1693438.
ALZATE, F. J. V. TULUA: Em busca da excelência, simplicidade e segurança em abdominoplastia. Revista oficial do instituto Ivo Pitanguy e associação de ex-alunos do prof. Ivo Pitanguy. Jul/2018.
GOMES, R. S; NICOLAU, G. V. Lipoaspiração abdominal: evoluindo de alta para média definição. Revista Brasileira De Cirurgia Plástica [Internet]. Apr;36(2):134–43 2021. Available from: https://doi.org/10.5935/2177-1235.2021RBCP0059.
GOMES, R. S. Metodologia LipoCodes: Controle objetivo de volumes infiltrados e aspirados em lipoaspiração. Rev. Bras. Cir. Plást. 2024;39:s00441801794.
MOTTA, R. P. Lipoaspiração laser-assistida de alta definição. Revista Brasileira De Cirurgia Plástica, 33(1), 48–55 2018.https://doi.org/10.5935/2177-1235.2018RBCP0008.
SILVA, M. R; COSTA, S. C. C. Os benefícios Cutâneos envolvidos no processo do rejuvenescimento facial a partir da utilização de ativos cosméticos e bioestimuladores. Facere Scientia, vol. 03, nº. 01, junho de 2023.
VIARO, M. SS; DANILLA, S; CANSANÇÃO, A. L; VIARO, P. S. Enxertia de gordura no músculo reto abdominal guiado por ultrassom (UGraft): uma nova técnica para o aumento de definição abdominal na lipoaspiração. Revista oficial do instituto Ivo Pitanguy e associação de ex-alunos do prof. Ivo Pitanguy. 2019.
São Paulo, 20 de Janeiro de 2025
